Eu sou o Marcos Vasconcellos. Aqui eu escrevo o que me der na telha, o que me vem na hora de dormir, quando estou num onibus, ou no meio de um papo chato!
sábado, 16 de fevereiro de 2013
Queda dágua
Sofro em mim
lá tão profundo
de ver o acontecer de mãos atadas
que agora desisto do que nela se inclue
do que surge
em termos de acreditar não ser nada
que não está acontecendo
me iludir, me enganar radicalmente
Me recuso a ser
como um prisioneiro ou guarda de cela
à essa obrigação imposta
à essas grades
ao que me obriga
a ver sempre
essa mesma paisagem.
Também não quero
adotar um vício enganador
para que a festa continue da noite
até o dia que me aprouver
com pessoas que não existem
a surgir iluminadas por luzes ilusórias
à luz de vela
ou à luz do que eu possa imaginar
Quero que eu construa um real
quase real
entretanto sem a dor
de não poder de atravessar
o que é escuro
num voo até as janelas abertas
para o dia claro
Canalizar esse sentir
tão caudaloso
que me faz desaparecer
quando mal
a noite chega à beira
na escuridão
quando essa substância
não me deixa ver
que é uma corredeira
e que nela habitamos
sem a conhecer
embrulhados
rolando por dentro dela
a vida inteira
se transformando
numa gigantesca queda'água
incontrolável
que chamamos
de inconformismo
e que inunda
a cidade dos sensíveis
foto de John Pfah
Sofrer é
no entanto
como de mim venho a saber
- se à mim ou ao não ser
pertenço
quer queira
ou não queira.
Porém
não há de tornar-se perpétuo
porque nada mais é eterno
ainda mais, tão cruel se revela
que não é o que eu quero
acordado
e nem dormindo
nem lúcido
nem alucinando
me perpetuando
a me vitimizar sob esse teto
inundado por tal fluência poderosa
a impiedosa produção da natureza
foto de John Pfah
Contudo,
dessa revolta contra
o que não dou conta
me conscientizo
que toda queda d'água traz a força
que produz energia
e que justo desse manancial
o potencial se produz e revela
o que dali trabalha, cria
para que surja algo novo
e reconfortante
algo que avise
a quem lhe encontre
de como supera-la
como encontrar um barco corajoso
e indomável que a atravesse
ou a ponte imaginária suspensa
sobre o que sabemos
que existe e não domamos
por enquanto
pois sei que amanhã tudo muda
- como será com ela -
a primavera não inverno
rio manso e límpido
colorido ou aquarela
onde todos se divertem e nadam
Aí corro e me jogo n'água
arranjo um barco
e velejo sem rumo
e, quando dele eu sair
eu pinto outra tela
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