Eu sou o Marcos Vasconcellos. Aqui eu escrevo o que me der na telha, o que me vem na hora de dormir, quando estou num onibus, ou no meio de um papo chato!
quarta-feira, 26 de maio de 2010
Alô!
foto de Lisette Model
sorrir
é tão fácil falar - sorrir
mas tudo tem a sua hora
falar também
porém, é isso o que eu não encontro agora
penso em silêncio
nada parece soar adequado, nem o meu sentir seria - poderia se dizer
nada que eu aqui pudesse julgar como sendo totalmente perfeito ou
exatamente aconselhável, justo, pois, falar, sorrir, ou calar-me
totalmente, nesse momento, em que me permito a reflexão, eu
entenderia como um comportamento exagerado
quisera ter a medida certa em que tudo se equilibra com
esmêro, lado à lado, e nem uma gota se derrama, nem no meu
oceano imaginário contido, por milagre, dentro de um cálice
sagrado, equilibrado na ponta de um bastão vacilante em
minha mente
foto de Inta Ruka
é tão fácil transbordar, perder o controle, desorganizar-se
como ter o juízo que se demanda?
ser apropriado, justo, o não complicado
mas, ainda, quão difícil se torna julgar isso
se nada que julgo transmitirá também toda a verdade
quem me poderá dizer isto?
ou o que é isto?
quem me traçará o desenho da minha própria realidade?
foto de Hugo Rostev
por dentro sou carne que amasso
renego
retalho
desejos que refuto
mãos que tremem
embaralho
cérebro que pensa
pés trocados, equívocos, enganos,desmedidas
como julgar o que está lá fora?
foto de Lothar Mendes e Clara Bow
há complexidade em qualquer caminho ou gesto combinado
a perturbação terrível do trânsito que é por dentro do meu
corpo, um túnel repleto, congestionado, com buzinas histéricas
a reverberar sem juízo pelas paredes de concreto, com os
guardas de trânsito apitando em minha cabeça embaralhada
neurônios entupidos
foto de Meatyard
se não quero nada para mim agora, tudo à frente ali, já é mentira
arrependimento, paixão, desespero - qual comportamento ou
julgamento pode ser o meu? ou mesmo, como pode ser negado
de que também esse não o seja?
e pra que meu?
o quê, se nunca foi ou poderá ser , se nem eu próprio tomei
conta de mim?
terra abandonada, perdida, despovoada
não me possuo, só risco pontos, paisagem sem traços
sou um continente desconhecido
território sem dono
selva terrível
lago parado
ou tormentoso
riacho doce
e medo, medo à cada passo
foto de Chen
enlouqueço a cada descanso porque perco a vista
amanso a fúria de saber que sou aquele que está cego
por não saber onde estou
o que não arrisca sair dali
não tenta ir sem arriscar e ir tateando no escuro o significado
do - quem eu sou?
digo apenas palavras tolas, ou escondo meu precipício
distraindo os olhos desavisados
quando sorrio simpático
feliz
e digo, cumprimentando, o que talvez seja tão fácil para
os outros
um simples
Alô!
e aí, percebo que entendi a solução
que é simplesmente me abrir e não dificultar
dar um primeiro passo, percebendo que eu quero que
seja assim
apenas feliz
e sorrir!
foto de Robert Doisneau- Paris 1936
Eu não sei o que é ser poeta
foto de Parke Harrison
pó é, tá
é pó, tá!
tá é pó
pó é pó, tá!
só pó, pó, pó...poeta!
pois, eu não sei o que é ser poeta
se tiver que assim
de mostrar estrelas quase quasar
de ser telescópios pra dentro
dos neurônios
de redemoinhos no tempo
do ser
se tiver que ser uma noite em rotação
uma corda esticada
que vem ainda de mais além
de um carinho rejeitado
ou quase
da consciência de um pecado
ou quase
da iminência da morte
ou quase
das feras que rondam à noite
ou quase
ou quase aquele dia
que me jogaste uma flor
de uma varanda quente de Benghazi
pode ser que seja aquele que por dentro se avessa
e traz à gente
os dois lados de uma dor descontínua
acomodada
ou só dormente
e descabida
cravada
e esquecida
tida
ou só protegida
se tiver que vestir um muro
com seu sangue
bem azul de poeta
espelho de sua meta
ou desvio apaixonado
desta invivência
desta jungle absurda
inquieta e doente
e aí tenha que equilibrar tudo
neste duro azul, tão azul
que prosseguirá adiante
prá cima
sem ter colher
das almas dízimo
ou um sorriso desengraçado
dormente
um mínimo
uma semente
veja bem o que é ser poeta
sei lá, sei não
somos como tudo e todos - pó
viemos do pó e voltamos ao pó
portanto
tome cuidado se precavenha
do destino, da definição
porque se existem estradas azuis e longas
e é você quem as pinta, intui
escreve
para que homens delas esperem
seu broto
sua felicidade
the heaven
aqui ou não
ou que para todos esses homens
que não pedem
para nelas andarem
para elas olharem
nem por capricho, desleixo
ou curiosidade
se por elas batem um pouco de sol
ou mesmo se já é muito tarde
e foi-se ali a felicidade
saibam o porque
e talvez
ser o que é poeta
ou talvez até eu aí perceba melhor isso
ou mesmo o que é ser
um guardachuva
ou um armário
pois, se abrimos um
para nos isolarmos
das diluências
e depois de usado
o guardamos no outro
é apenas para que não vejam
por ele
que não é só em nós
que os olhos tem-se molhado.
pó é, tá
é pó, tá!
tá é pó
pó é pó, tá!
só pó, pó, pó...poeta!
pois, eu não sei o que é ser poeta
se tiver que assim
de mostrar estrelas quase quasar
de ser telescópios pra dentro
dos neurônios
de redemoinhos no tempo
do ser
se tiver que ser uma noite em rotação
uma corda esticada
que vem ainda de mais além
de um carinho rejeitado
ou quase
da consciência de um pecado
ou quase
da iminência da morte
ou quase
das feras que rondam à noite
ou quase
ou quase aquele dia
que me jogaste uma flor
de uma varanda quente de Benghazi
pode ser que seja aquele que por dentro se avessa
e traz à gente
os dois lados de uma dor descontínua
acomodada
ou só dormente
e descabida
cravada
e esquecida
tida
ou só protegida
se tiver que vestir um muro
com seu sangue
bem azul de poeta
espelho de sua meta
ou desvio apaixonado
desta invivência
desta jungle absurda
inquieta e doente
e aí tenha que equilibrar tudo
neste duro azul, tão azul
que prosseguirá adiante
prá cima
sem ter colher
das almas dízimo
ou um sorriso desengraçado
dormente
um mínimo
uma semente
veja bem o que é ser poeta
sei lá, sei não
somos como tudo e todos - pó
viemos do pó e voltamos ao pó
portanto
tome cuidado se precavenha
do destino, da definição
porque se existem estradas azuis e longas
e é você quem as pinta, intui
escreve
para que homens delas esperem
seu broto
sua felicidade
the heaven
aqui ou não
ou que para todos esses homens
que não pedem
para nelas andarem
para elas olharem
nem por capricho, desleixo
ou curiosidade
se por elas batem um pouco de sol
ou mesmo se já é muito tarde
e foi-se ali a felicidade
saibam o porque
e talvez
ser o que é poeta
ou talvez até eu aí perceba melhor isso
ou mesmo o que é ser
um guardachuva
ou um armário
pois, se abrimos um
para nos isolarmos
das diluências
e depois de usado
o guardamos no outro
é apenas para que não vejam
por ele
que não é só em nós
que os olhos tem-se molhado.
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