O caderno está aberto de novo. Aqui estou eu a me esconder entre as folhas. Sigo cada linha como um dever para comigo. Mas, às vezes, por esse caminho azul a escorrer, chego além. É o único local que me acolhe, esse agora. Aqui posso ser eu, é a minha intimidade a desenrolar em cada linha. Os espaços, as linhas e as letras são amigos silenciosos, seguem-se, abraçam-me, dilatam-se para escutar o que me grita e traduzi-lo. O que me é certo é que agora os olhos os lerão e, como todos os meus amigos, continuam silenciosos, inertes. Me observam estáticos, passam minutos, segundos, todo tempo, sem parar de me olhar. O lápis segue as linhas afoito, aflito. E vai rabiscando, escrevendo, contando tudo como eu conto para os meus amigos mais chegados. Esse é o caminho da redenção.
Mea culpa, mea maxima culpa, me respondo. E nada. O quarto em silêncio, os amigos escutam - apenas estalidos indefinidos aqui e ali. O escuro, o frio, estou só. Deus me perdoe! Continuarei a escrever até que as letras formem um só vocábulo, aquele que não me deixa ter sono e é tão simples de lê-lo, mas a mim luto, me degladio em escrevê-lo, como ao olhar em um espelho e ver toda a realidade de quem você é, porque as letras formam uma verdade terrível e tola que grita, berra. E vocês sabem qual é claramente,conhecem bem a palavra que é: - Acorda!
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