sábado, 13 de março de 2010


Por nada as horas passam
e não fazem nada que dizer
ainda...ainda..ainda
porque eu deveria compreender
aquilo que ninguém entende
que ninguém nunca entendeu!

Por nada me desespero em insistir
não há amargor
não há tudo que eu possa dizer
à menos que
ainda...ainda...ainda

Tenho que me ater a sobrevivência
como formigas sobre a mesa
haverá migalhas
haverá poeira
haverá mais e mais
haverá
ainda...ainda...ainda

Maciças sombras
são as minhas lembranças
tantos risos, tantos segredos
tanta esquinas à fugir pela noite
meus sonhos foram faróis
e as ressacas a molhar meu pés
recordações, tuas mãos

É noite,
meus sonhos são amantes
lençóis brancos e os olhos como nós
chegam ao nunca
ao que será
o que será amanhã
ainda...ainda...ainda

A razão agora tudo devora

somos nossos ditos carcereiros

tanto como tristes e frios prisioneiros

a mente levanta mil paredes

a nossa própria caixa de Pandora.

Se a razão é humana

a emoção e o afeto

são nossos frutos, fetos

onde nossa esperança mora


Paixão é do desejo

sua cria insana,

o filho que vive inquieto

esperneia e chora, chora, chora.

O que faz o homem

construir um mundo de máquinas

e admirar apenas à teoria,

as regras?


Somos os monstros que criamos,

o que imaginas.

Podemos pensar exclusivamente?

E o sentir negas?

As lágrimas estão fora de moda

e todo amor é piegas.