sexta-feira, 12 de março de 2010


Sabe, eu penso muito antes de dormir. Talvez dormir possa ser um treino para ir para o além e, antes de uma grande viagem como essa, todos devemos nos voltar à tudo que fizemos que ainda nos faz pensar muito, porque há algo ali a ser compreendido e, de uma maneira ou de outra, aceito. Mas, se pensamos em alguma coisa, pode haver várias opções, várias soluções. Porém, pensar para mim é a opção da reflexão, porque pensar pode ser apenas se lembrar ou ver imagens que não tem nenhuma ligação aparente, apenas memória sem nenhum ganho, flashes. Porém, todas as opções talvez sejam mesmo uma só, pois, se reflito quando lembro de uma recordação, qualquer coisa da infância, da mocidade, das aventuras, dos beijos e de todas as miragens alucinadas, sempre em mim desencadeia uma série de outras coisas . E, tudo que vem, é acompanhado de imagens, sons, sentimentos e todas as lembranças, lições e conclusões que se encadeiam no meu entender da época. Não é isso, esse saldo, esse sofrer para ganhar, o que podemos lucrar para também nos entender e nos aceitar? Com certeza, porque isso é o material da vida, dos que vivem intensamente, e viver é tudo que fizemos até então, mas é um fazer que precisa de descanso, pausa, intervalo para que haja um espaço em que entendamos o que aconteceu ou que virá, a reflexão. Contudo, é porque somos humanos. Uma borboleta, por exemplo, não pensa, e sim voa, se esvai, foge pra Lua. E deve ser bem mais fácil ser uma borboleta ou besouro, lagarto ou um caramujo qualquer que seja.para eles não existe ser ou não ser, apenas existem e é só. Não há julgamento, não refletem, não pensam. Às vezes, imagino assim, que eu queria ser um caramujo ou mariposa e apenas ser, ficar ali, pelo ar, pelas folhas, existir relâmpago, pela noite a desenhar minha vida no vento, nas flores, no espaço até além. Mas, qual seria o ganho no final, quando o vento para ou não há mais um caminho e não se rasteja mais atrás de alimento? Eu pelo menos posso dormir e assim me organizo, me programo. De tantas mil e uma noites, sonho sobre um tapete mágico. Durante o dia, sei que a caverna do Ali Babá é apenas uma consideração. À noite deito e sonho com ela e com o que foi, sempre meus fiel e amoroso companheiro - a fantasia, o irreal, livre, à voar comigo pelo universo como o gênio da lâmpada, sobre o tapete mágico que ganhei de presente, aquele que Deus me deu para criar.