Eu sou o Marcos Vasconcellos. Aqui eu escrevo o que me der na telha, o que me vem na hora de dormir, quando estou num onibus, ou no meio de um papo chato!
terça-feira, 6 de abril de 2010
Meu encontro com o Godzilla
E se eu fosse assim como uma sobremesa de um monstro venusiano?
Eu, esse ser à toa, chinfrim, espantalho lunático, ainda me complico
mais - como posso pensar em tais seres absurdos em minha cabeça
a me devorar ?
Eu me defendo escrevendo compulsivamente qualquer loucura
e penso: - o insano me comove ou será que me faz que me ache, que
eu me descubra?
De que me serve escrever essas coisas?
E a lapiseira corre e continuo a divagar, a lapiseira a correr, girando
os dedos no ar e a apontar para o papel, apontando algo que não vejo
e com o qual me desaponto.
Atravesso as ruas e continuo em minhas divagações mesmo com os
sinais abertos e carros buzinando.
Continuo a pensar em animais gigantes e ameaçadores, bilhetes
lacrados, na última sessão de cinema, nas minhas memórias
malucas, nos megabytes, no correio, nas limonadas, nos flertes na
madrugada, em dinheiro e amores fugidios, no que não existe, no que
não vem e aí,pronto, danou-se, a cabeça passa a doer, explode.
É claro que quando se mexe com verdades, e se estas são
contundentes, é como se abrisse a sessão de uma tortura sem
nenhum ganho prazeroso, pois são reais, machucam de verdade,
e nada posso fazer para apaga-las.
Então, funcionam como um filme de quinta .
Mas é o real, não uma ficção com monstros lunares, marcianos,
ou sejam puros delírios masoquistas.
Mas as verdades não seriam também monstros cósmicos?
Se o planeta Vênus é o planeta do amor e a dor de amor é uma
verdade real, então esta não pode ser um ser venusiano ou um
monstro vindo de Vênus a me devorar e a todo o meu coração,
meus pensamentos, minha sanidade, como um legítimo banquete
venusiano? Ou seria, vindo do planeta em questão, mais válido
um ataque de uma nuvem de cupidos assassinos, disparando
flechas apaixonantes por todos os lados, disseminando uma
praga de paixões virulentas entre todas as pessoas, não
respeitando laços familiares ou questões éticas básicas
como entre pessoas no trabalho, médicos e enfermos nos
hospitais, comandantes e soldados nos quartéis, presidentes
e faxineiras, professoras e vendedores de pipocas e de
goiabada dos recreios, pastores evangélicos e mafiosos,padres
e pecadores infantis, idosos dos asilos e garbosos salvavidas
atléticos ou bombeiros despojados. Já se imaginou a onda de
crimes por ciúme ou inveja, o descalabro que se desencadearia
se tal coisa acontecesse por aqui? Seria o fim do mundo! O fim
por intermédio do amor e de Vênus, transformando toda terra
num bacanal psicótico, numa orgia destrutiva e insalubre. Teria
que provavelmente intervir com meus superpoderes através da
internet, das tvs e rádios, fazer discursos em praças públicas aos
despudorados e salvar um sem número de apaixonados, voando
entre as turbas enlouquecidas e despidas, loucas por só mais
um beijinho!
Acho que estou perdendo em não ser um herói intergaláctico e ter
a minha própria pistola de raios de abater paixões temíveis, aquelas
que surgem babando e pedindo meu coração para estraçalha-lo
por fome de amor .
Acho que tenho que ver mais filmes de guerra nas estrelas e saber
de toda as técnicas, os abrigos de sobrevivência intergaláctica, o
manuseamento de lança raios antimonstros e anticupidos e mais
toda parafernália, em caso de ataque de bicharocos meio grudentos
ou se o Jurassic Park se expandir de Hollywood até aqui.
Que perigo!
E isso pode acontecer! É só comprar o bilhete para uma sessão
de um filme que não agrade ao seu amor e o que estava
adormecido lá dentro se rompe. A imagem familiar bonitinha
que você estava acostumado desaparece e se transforma num
relâmpago, surgindo então:
- tchantchantchantchan... um tiranossaurus rex se movendo para
cinemas lotados e destruindo tudo ao redor, varrendo com a sua
cauda casais de namorados das poltronas, voando pelo ambiente
apagado e dilacerando com as lâminas afiadas dos seus dentes os
decotes, que gotejam saliva e sangue, os espectadores em pânico
que tropeçam atabalhoadamente, uns por cima dos outros, no
desespero de fugir do encontro maligno, tudo isso entre chuvas
de pipocas e copos de cocacola, assobios, gritos histéricos e
mulheres berrando : - eu não disse que filme esse não prestava!
Vai se dormir com isto na cabeça! Não dá para dormir com
um tiranossaurus fazendo café na cozinha e dizendo: - vai dormir,
meu bem! Eu te janto depois!
Todo possível amor é um possível Godzilla ou um bichinho pelúcia!
Cai nessa!
Eu sou mesmo um ser chinfrim, à toa, um palhaço lunático.
Que nada! tudo besteira!
Eu sou assim!
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