Talvez eu tenha que ficar aqui para saber
o quanto faço parte do absurdo diante do que vejo,
embora seja esta a minha Terra e não Marte.
O que estranho aqui neste planeta ou outro qualquer,
por aí ou por lá,
no País das Maravilhas ou ali na rua,
é que tudo me espanta.
Talvez seja necessário saber
o barulho dos carros disparados
o alvoroço das aves na praça
o berro do feirante à cada um que passa
os seriados na tv
e o nada que é ser
sem estar diante de um absurdo
sem pensar porque a cabeça faz zum...
E as horas passam
e o tempo se esvai
as ruas lotam
os passantes se vão
as bocas falam
os dedos apontam
os gestos se perdem
os olhos se fixam em lugar algum. Penso.
Tenho-me estranho
porque não acredito no que vejo
Sei que o tempo está contado
e ainda não fiz o que esperava.
A surpresa sempre existe,
talvez próxima,
talvez ainda a chegar.
O certo é o lugar nenhum,
mas o impossível
é o caminho do meu ensejo.
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