foto de Parke Harrison
a razão agora tudo devora
somos nossos ditos carcereiros tanto como tristes e frios prisioneiros
pois a mente levanta mil paredes
a nossa própria caixa da Pandora
se a razão é humana
a emoção e o afeto
são nossos frutos, fetos
onde nossa esperança mora
Tears - foto de Man Ray
a paixão é do desejo
a sua cria insana
o filho que vive inquieto
grita e esperneia
e chora
chora
chora
O Pensador de Rodin
o que faz o homem construir um mundo de máquinas
e admirar apenas a teoria
as regras?
foto de Yasuhiro Ishimoto
somos os monstros que criamos
quando o que pensas, o que imaginas
e raciocina uma certeza que faz crer, acreditar
e então fazes com que exista
até o que não existe
tranca a sua mente numa fria lacuna
e se conforta numa mesma rotina
ou, por outro lado, descobres a perfeição de uma beleza
que a matemática e a geometria endossam em uma harmonia
em que não há erro, enganos
é tudo simétrico, tudo fórmula, números
até o caos é simples economia
foto de Mark Parke-Harrison
mas podemos pensar exclusivamente?
e o sentir?
negas?
foto de Sieges
as lágrimas estão fora de moda
e todo amor
é piegas!
Eu sou o Marcos Vasconcellos. Aqui eu escrevo o que me der na telha, o que me vem na hora de dormir, quando estou num onibus, ou no meio de um papo chato!
sábado, 29 de maio de 2010
quarta-feira, 26 de maio de 2010
Alô!
foto de Lisette Model
sorrir
é tão fácil falar - sorrir
mas tudo tem a sua hora
falar também
porém, é isso o que eu não encontro agora
penso em silêncio
nada parece soar adequado, nem o meu sentir seria - poderia se dizer
nada que eu aqui pudesse julgar como sendo totalmente perfeito ou
exatamente aconselhável, justo, pois, falar, sorrir, ou calar-me
totalmente, nesse momento, em que me permito a reflexão, eu
entenderia como um comportamento exagerado
quisera ter a medida certa em que tudo se equilibra com
esmêro, lado à lado, e nem uma gota se derrama, nem no meu
oceano imaginário contido, por milagre, dentro de um cálice
sagrado, equilibrado na ponta de um bastão vacilante em
minha mente
foto de Inta Ruka
é tão fácil transbordar, perder o controle, desorganizar-se
como ter o juízo que se demanda?
ser apropriado, justo, o não complicado
mas, ainda, quão difícil se torna julgar isso
se nada que julgo transmitirá também toda a verdade
quem me poderá dizer isto?
ou o que é isto?
quem me traçará o desenho da minha própria realidade?
foto de Hugo Rostev
por dentro sou carne que amasso
renego
retalho
desejos que refuto
mãos que tremem
embaralho
cérebro que pensa
pés trocados, equívocos, enganos,desmedidas
como julgar o que está lá fora?
foto de Lothar Mendes e Clara Bow
há complexidade em qualquer caminho ou gesto combinado
a perturbação terrível do trânsito que é por dentro do meu
corpo, um túnel repleto, congestionado, com buzinas histéricas
a reverberar sem juízo pelas paredes de concreto, com os
guardas de trânsito apitando em minha cabeça embaralhada
neurônios entupidos
foto de Meatyard
se não quero nada para mim agora, tudo à frente ali, já é mentira
arrependimento, paixão, desespero - qual comportamento ou
julgamento pode ser o meu? ou mesmo, como pode ser negado
de que também esse não o seja?
e pra que meu?
o quê, se nunca foi ou poderá ser , se nem eu próprio tomei
conta de mim?
terra abandonada, perdida, despovoada
não me possuo, só risco pontos, paisagem sem traços
sou um continente desconhecido
território sem dono
selva terrível
lago parado
ou tormentoso
riacho doce
e medo, medo à cada passo
foto de Chen
enlouqueço a cada descanso porque perco a vista
amanso a fúria de saber que sou aquele que está cego
por não saber onde estou
o que não arrisca sair dali
não tenta ir sem arriscar e ir tateando no escuro o significado
do - quem eu sou?
digo apenas palavras tolas, ou escondo meu precipício
distraindo os olhos desavisados
quando sorrio simpático
feliz
e digo, cumprimentando, o que talvez seja tão fácil para
os outros
um simples
Alô!
e aí, percebo que entendi a solução
que é simplesmente me abrir e não dificultar
dar um primeiro passo, percebendo que eu quero que
seja assim
apenas feliz
e sorrir!
foto de Robert Doisneau- Paris 1936
Eu não sei o que é ser poeta
foto de Parke Harrison
pó é, tá
é pó, tá!
tá é pó
pó é pó, tá!
só pó, pó, pó...poeta!
pois, eu não sei o que é ser poeta
se tiver que assim
de mostrar estrelas quase quasar
de ser telescópios pra dentro
dos neurônios
de redemoinhos no tempo
do ser
se tiver que ser uma noite em rotação
uma corda esticada
que vem ainda de mais além
de um carinho rejeitado
ou quase
da consciência de um pecado
ou quase
da iminência da morte
ou quase
das feras que rondam à noite
ou quase
ou quase aquele dia
que me jogaste uma flor
de uma varanda quente de Benghazi
pode ser que seja aquele que por dentro se avessa
e traz à gente
os dois lados de uma dor descontínua
acomodada
ou só dormente
e descabida
cravada
e esquecida
tida
ou só protegida
se tiver que vestir um muro
com seu sangue
bem azul de poeta
espelho de sua meta
ou desvio apaixonado
desta invivência
desta jungle absurda
inquieta e doente
e aí tenha que equilibrar tudo
neste duro azul, tão azul
que prosseguirá adiante
prá cima
sem ter colher
das almas dízimo
ou um sorriso desengraçado
dormente
um mínimo
uma semente
veja bem o que é ser poeta
sei lá, sei não
somos como tudo e todos - pó
viemos do pó e voltamos ao pó
portanto
tome cuidado se precavenha
do destino, da definição
porque se existem estradas azuis e longas
e é você quem as pinta, intui
escreve
para que homens delas esperem
seu broto
sua felicidade
the heaven
aqui ou não
ou que para todos esses homens
que não pedem
para nelas andarem
para elas olharem
nem por capricho, desleixo
ou curiosidade
se por elas batem um pouco de sol
ou mesmo se já é muito tarde
e foi-se ali a felicidade
saibam o porque
e talvez
ser o que é poeta
ou talvez até eu aí perceba melhor isso
ou mesmo o que é ser
um guardachuva
ou um armário
pois, se abrimos um
para nos isolarmos
das diluências
e depois de usado
o guardamos no outro
é apenas para que não vejam
por ele
que não é só em nós
que os olhos tem-se molhado.
pó é, tá
é pó, tá!
tá é pó
pó é pó, tá!
só pó, pó, pó...poeta!
pois, eu não sei o que é ser poeta
se tiver que assim
de mostrar estrelas quase quasar
de ser telescópios pra dentro
dos neurônios
de redemoinhos no tempo
do ser
se tiver que ser uma noite em rotação
uma corda esticada
que vem ainda de mais além
de um carinho rejeitado
ou quase
da consciência de um pecado
ou quase
da iminência da morte
ou quase
das feras que rondam à noite
ou quase
ou quase aquele dia
que me jogaste uma flor
de uma varanda quente de Benghazi
pode ser que seja aquele que por dentro se avessa
e traz à gente
os dois lados de uma dor descontínua
acomodada
ou só dormente
e descabida
cravada
e esquecida
tida
ou só protegida
se tiver que vestir um muro
com seu sangue
bem azul de poeta
espelho de sua meta
ou desvio apaixonado
desta invivência
desta jungle absurda
inquieta e doente
e aí tenha que equilibrar tudo
neste duro azul, tão azul
que prosseguirá adiante
prá cima
sem ter colher
das almas dízimo
ou um sorriso desengraçado
dormente
um mínimo
uma semente
veja bem o que é ser poeta
sei lá, sei não
somos como tudo e todos - pó
viemos do pó e voltamos ao pó
portanto
tome cuidado se precavenha
do destino, da definição
porque se existem estradas azuis e longas
e é você quem as pinta, intui
escreve
para que homens delas esperem
seu broto
sua felicidade
the heaven
aqui ou não
ou que para todos esses homens
que não pedem
para nelas andarem
para elas olharem
nem por capricho, desleixo
ou curiosidade
se por elas batem um pouco de sol
ou mesmo se já é muito tarde
e foi-se ali a felicidade
saibam o porque
e talvez
ser o que é poeta
ou talvez até eu aí perceba melhor isso
ou mesmo o que é ser
um guardachuva
ou um armário
pois, se abrimos um
para nos isolarmos
das diluências
e depois de usado
o guardamos no outro
é apenas para que não vejam
por ele
que não é só em nós
que os olhos tem-se molhado.
terça-feira, 25 de maio de 2010
O paraíso dos passarinhos
Um pássaro caiu morto
e não se levanta
diante de minha casa iluminada
mas sua alma ainda canta
e me acorda de madrugada
O paraíso dos passarinhos
é feliz como um recreio de crianças
que brincam sem saber da vida nada
às vezes, entramos neles sozinhos
dormindo
ou pensando como se alcança
um pedaço de torta
numa janela abandonada
Assim
permanecemos enlevados
até que num instante
desaparece
Na vida
como a gente sabe
tudo acontece
e queremos ter tudo
sempre que for desejado
porém, se algo falha
e a torta cai no chão
os passáros ficam alegres
com as migalhas
a gente não
a gente se perde em nuvens
e depois esquece
inventamos um sentido
que nos conforta
quando a vida nos diz não
ou inventamos outra janela
com outra torta mais à mão
domingo, 23 de maio de 2010
A selva, a selva, a selva II
foto de Lucie &Camp Simon
depois de longa jornada, campos lisos e vagos
a noite é calma e pensamos que ali é o esteio
o repouso enfim, que a viagem é finda
as estradas - o passado, o pior já fora
o selvagem chamado da aflição, fim do nosso
animal entranhado na herança inocente de
nossos pais, finalmente está perdida no tempo
no esquecimento
um eco na distância
tudo apagado pra mim
foto de Arsenault
depois de arrasada a selva - civilização
interpõe-se clarão e ordem
pois, eis que então percebemos a cidade onde estamos
temos a impressão que agora podemos, ou melhor
que tudo podemos
há paz, um suporte - segurança do método, da organização
nossas cabeças se recostam em encostos macios
um vento sopra - o vento da ilusão
pois, a selva não seria a selva se não fosse indomável
incontrolável violência
eterna
inescrutável
e traiçoeira
foto de Dolors
e neste mundo, nós somos, pois, o seu adubo
seu alimento
de sua fronteira verde e medonha, das ambições sangrentas
de seus dedos-galhos
suas florações são alimentos de poder
abraços do terror e da violência, seus caminhos perdidos
entre palavras e calor úmido, as cidades perdidas, nossos
corpos entre plantas famintas e ganância, tesouros imaginários
entre monstros, feras, insetos, perdições e seus pusilâmines e
rastejantes seres famintos - ali novamente seu mundo perdido e crú
foto de Daniel Gustav Crame
para a natureza pura e imaginária
apenas desejos de sobrevivência e beleza
renascerão entre nossos sonhos
que é o que estará ali desde então
e oculta ainda
a selva
a selva
a selva
foto de Daniel Gustav Crame
nem má , nem boa
mas é o que nos leva à inocência, à ignorância
apenas quem sobrevive lá, vê a origem
a selva
a selva
a selva
foto de Wynn Bullock
o rude cimento de nossas emoções
quem nos tenta entre torpor e macio calor?
as traições tem garras impiedosas - o inesperado
o cruel
o poder
o sem esperança
o desespero
o sem escrúpulo
o onde está meu Deus?
o por favor te imploro
e me guia
e me diz
e me explica
e me ilumina
foto de Heyits Garret
porque à frente a escura
insana
ameaçadora
a impiedosa
indiferente
a urbana selva
continua a brotar sempre, atrás de cada pensamento e ambição de
nossos tolos corações
quase domados
foto de Craig.K.Marble
escuta!
rugidos!
fujamos!
para onde?
foto de Arsenault
o paraíso está aqui
toda maravilha se esconde entre o sombrio, o negror e as folhas
está entre nós
e a selva
a selva
a selva
foto de Daniel Gustav Crame
depois de longa jornada, campos lisos e vagos
a noite é calma e pensamos que ali é o esteio
o repouso enfim, que a viagem é finda
as estradas - o passado, o pior já fora
o selvagem chamado da aflição, fim do nosso
animal entranhado na herança inocente de
nossos pais, finalmente está perdida no tempo
no esquecimento
um eco na distância
tudo apagado pra mim
foto de Arsenault
depois de arrasada a selva - civilização
interpõe-se clarão e ordem
pois, eis que então percebemos a cidade onde estamos
temos a impressão que agora podemos, ou melhor
que tudo podemos
há paz, um suporte - segurança do método, da organização
nossas cabeças se recostam em encostos macios
um vento sopra - o vento da ilusão
pois, a selva não seria a selva se não fosse indomável
incontrolável violência
eterna
inescrutável
e traiçoeira
foto de Dolors
e neste mundo, nós somos, pois, o seu adubo
seu alimento
de sua fronteira verde e medonha, das ambições sangrentas
de seus dedos-galhos
suas florações são alimentos de poder
abraços do terror e da violência, seus caminhos perdidos
entre palavras e calor úmido, as cidades perdidas, nossos
corpos entre plantas famintas e ganância, tesouros imaginários
entre monstros, feras, insetos, perdições e seus pusilâmines e
rastejantes seres famintos - ali novamente seu mundo perdido e crú
foto de Daniel Gustav Crame
para a natureza pura e imaginária
apenas desejos de sobrevivência e beleza
renascerão entre nossos sonhos
que é o que estará ali desde então
e oculta ainda
a selva
a selva
a selva
foto de Daniel Gustav Crame
nem má , nem boa
mas é o que nos leva à inocência, à ignorância
apenas quem sobrevive lá, vê a origem
a selva
a selva
a selva
foto de Wynn Bullock
o rude cimento de nossas emoções
quem nos tenta entre torpor e macio calor?
as traições tem garras impiedosas - o inesperado
o cruel
o poder
o sem esperança
o desespero
o sem escrúpulo
o onde está meu Deus?
o por favor te imploro
e me guia
e me diz
e me explica
e me ilumina
foto de Heyits Garret
porque à frente a escura
insana
ameaçadora
a impiedosa
indiferente
a urbana selva
continua a brotar sempre, atrás de cada pensamento e ambição de
nossos tolos corações
quase domados
foto de Craig.K.Marble
escuta!
rugidos!
fujamos!
para onde?
foto de Arsenault
o paraíso está aqui
toda maravilha se esconde entre o sombrio, o negror e as folhas
está entre nós
e a selva
a selva
a selva
foto de Daniel Gustav Crame
sábado, 22 de maio de 2010
O viajante
pintura de Salvador Dali
como se a nau deixasse o porto
antes que pudesse chegar lá
a embarcação de mim é o destino torto
o fim do caminho
o meio
e o ainda sem caminhar
foto de Jose d'Espinal
tanto é que
de seus loucos passos
fez a linha de sua vida inteira
e da interpretação dos sonhos
pés descalços e o acaso extraviado
a sua meta certeira
foto de Ella Maillart -Kirghiz soviétique-1932
eu
navio
viajante
o além e o porto
somos partes unidas como um só dono de um sentido quão vasto
como incerto o trono
a lógica é selvagem e a ilógica o seu horto
a canhota sua direita
e quando diminuo somo
sem limite o ser, o sim é quase tudo, somos
e o não
se encolhe, cala, cai vencido, quase morto
e o que resta da tempestade é nuvem, brisa, cheiro
ou só um simples enlêvo
absorto
foto de Jean Marie Auradon
como se a nau deixasse o porto
antes que pudesse chegar lá
a embarcação de mim é o destino torto
o fim do caminho
o meio
e o ainda sem caminhar
foto de Jose d'Espinal
tanto é que
de seus loucos passos
fez a linha de sua vida inteira
e da interpretação dos sonhos
pés descalços e o acaso extraviado
a sua meta certeira
foto de Ella Maillart -Kirghiz soviétique-1932
eu
navio
viajante
o além e o porto
somos partes unidas como um só dono de um sentido quão vasto
como incerto o trono
a lógica é selvagem e a ilógica o seu horto
a canhota sua direita
e quando diminuo somo
sem limite o ser, o sim é quase tudo, somos
e o não
se encolhe, cala, cai vencido, quase morto
e o que resta da tempestade é nuvem, brisa, cheiro
ou só um simples enlêvo
absorto
foto de Jean Marie Auradon
quinta-feira, 20 de maio de 2010
quarta-feira, 19 de maio de 2010
o que tanto admira?
foto do Himalaya- Cachemira
o que tanto admira
que de teu poço escuro
ascende
e de si retira
o que há de vão e impuro
e faz ser o que inexiste ou imaturo
a certeza de acerto
um paraíso acima de cachemira?
pode o mar bramir
que não te importa
porque estás além da fúria
e do que possa existir
seja espanto ou injúria?
será verdade que possa ir
até esse estar perfeito
sem temor ou sem negruras?
foto de Dod Ojin Ming
se o insano
de nós o real aparta
ou a felicidade pra mim insegura
também deste mundo nos descarta
será melhor viver nas alturas
enquanto aqui a aflição se farta?
ou será melhor colocar asas na bravura
e seguir reto até o que nos afronta
e ver quem de si pode tomar conta?
foto de Parke Harrison
ah! isso também é o que admiras?
tantas reviravoltas à imaginar
imaginar
imaginar
e o que está logo à frente
o que nunca vira
é a prova de que ser
o que possa realizar
é o que procura
se deixa de ser mentira
se ali se materializar
foto de Doisneau
então, tudo surge
e aí está a maravilha
até onde se possa pensar
tirar de si
para haver nessa beleza
o que nunca existira
as montanhas mais altas
e o que nem se pudera pensar
ou nunca vira
foto do Himalaya
pois, de si, criara o seu mundo
sem pensar no que lhe espanta
aceitando o que lhe vem como fonte clara
que só existe porque o vê por dentro, em seu mais profundo
que ali está e sempre existiu como o inexplicável
que sem palavras se entende
como o além que trazemos por dentro
que nos surge quando sabemos
que nós o trazemos sempre
para que surja quando percebemos
que desde sempre estivemos juntos
porque o que se inventa somos nós mesmos
ali luzindo como um milagre que se cumprira
porque é dali que construimos
o que fomos
o que somos
o que seremos
e todo nosso mundo
Picasso e Braque- pintura de Mark Tansey
Perceber é sentir?
foto de Dobrowner
não há rigor
que agora mude
a concretude do sentir
que há tempos me ilude
pode o porvir da gente ser percebido
por quem o mundo imagina à sua frente?
digo que não imagino
mas que percebo
e se, então, percebo o sentir
o que me destina? o existir?
foto de André Kértezs
a vida é o firmamento
em que o que vem mora
se há o azul e calor, há sol
se nuvens espumam essa aurora
pode chover onde estou
mas o destino é a nossa história
esse céu que muda, já me enganou
mas não é isento, por ora
pois, o que sentimos o transforma
como o que se imagina do lado de fora
por isso, se sentir
que percebo formar-se, à distância, claridade
entendo que se faça a luz mais cedo
talvez isto já seja uma oportunidade
de saber que o dia não se demora
e saber que, graças
viver já é uma vitória
foto de Parke Harrison
não há rigor
que agora mude
a concretude do sentir
que há tempos me ilude
pode o porvir da gente ser percebido
por quem o mundo imagina à sua frente?
digo que não imagino
mas que percebo
e se, então, percebo o sentir
o que me destina? o existir?
foto de André Kértezs
a vida é o firmamento
em que o que vem mora
se há o azul e calor, há sol
se nuvens espumam essa aurora
pode chover onde estou
mas o destino é a nossa história
esse céu que muda, já me enganou
mas não é isento, por ora
pois, o que sentimos o transforma
como o que se imagina do lado de fora
por isso, se sentir
que percebo formar-se, à distância, claridade
entendo que se faça a luz mais cedo
talvez isto já seja uma oportunidade
de saber que o dia não se demora
e saber que, graças
viver já é uma vitória
foto de Parke Harrison
segunda-feira, 17 de maio de 2010
O amanhã
meu corpo é o estranho
é lava derretida
é fundida entranha
fluxo em brasa que escorre e me leva ao que não é mais
pois, o que há, se distancia para sempre da emoção
desta parte, em que o inexplicável ganha
foto de Pruszkwoski
o não entender não é possível aqui
o perceber-se se ignora, não interessa a trama
não há mais tempo, o futuro talvez seja hoje só fria fumaça
nada mais é e será para sentir
é a razão de gelo que o momento apanha e abraça
cena de Seven Golden Man Out to Conquer the Space
tudo é capital, impaciência, intolerância de planos
informática, webs, perdas e danos
é o fim da guerra, o já, a glória e a derrota do ser humano
alejado sem mãos, nada faz, só teknica
o que se sente não traz lucros, é por onde a razão se dana, se engana
cena de Metropolis de Fritz Lang
amanhã, o que é sensível será a presa da aranha
como um inútil inseto preso à vertigem da velocidade
à envolvente teia do agora, do imediato, da superfície
desigual e nunca eterna que lhe atrai, por renda imensa
publicidade bem feita e genialmente arquitetada
o chamariz necessário que lhe seduz
a apanha
a chama
à armadilha da besta maquiavélica, que espreita
pronta ao salto fatal, em torpe emboscada
foto da aranha mecânica japonesa
a armadilha está pronta, a arapuca está montada
pode ser delicioso prato de hoje pra uma gula inusitada
o aracnídeo ri e comemora, tem fome e a presa distraída, enroscada
cena de The Mini Man
mas o tempo, sua tola, é rio fervente
que não traz dó, nem piedade
a natureza é uma máquina inclemente que não chora
são as suas chamas, as labaredas
que com prazer e inebriada gula aos dois distraídos e indefesos seres
tanto presa, como predador à que os seus tentáculos arreganha
que ela, por fim, engloba e gulosamente devora
e por fim nada resta
e também o fogo se apaga
e esse é o fim de nossa história
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