Eu sou o Marcos Vasconcellos. Aqui eu escrevo o que me der na telha, o que me vem na hora de dormir, quando estou num onibus, ou no meio de um papo chato!
quinta-feira, 20 de maio de 2010
Solução lógica
o que será da noite que curva pelas ruas
e desaparece na névoa lenta, desespero e madrugada?
o que será da luz?
o que será do fim?
o que será se não há nada adiante?
o que será de ti, a alegria que eu acreditava?
será a verdade um corpo largado sobre a calçada suja
a ver ao longe uma bela morada?
ou do nada refulge o brilho que nos acolhe querido e diz
essa é aqui é a sua casa?
o que será?
o que será?
e seu te rompesse o silêncio, saltasse ao espaço e buscasse o que
me sopra ao rosto, para te mostrar que nada é certo?
e se eu partisse para o que ainda não sei, com os pés descalços
para sentiro caminho gelado em que você respirasse seus medos
apenas para lhe dar coragem e segurança, a certeza de que não
cairá em nenhum abismo, que você mesmo cavou por inaptidão?
será que sempre o que nos depara é desamparo?
será que o que nos machuca hoje é o que nos salva amanhã?
será que tudo muda e ruma em voltas, sobre os vãos de nossas
mais absurdas incongruências, dizendo que é apenas o destino?
será que é preciso passar por tudo isso que nos constrange e
complica um jogo que devia ser a coisa mais clara e inequívoca
do mundo em que todos sairíamos ganhando e de barriga cheia
com o que de melhor pode existir por aí e nos fazer felizes e
realizados em nossos mais impossíveis sonhos ?
foto de Ivan Ielizarov
deixe-me te dizer uma coisa que eu não vou repetir nunca mais
o que será dessa noite, e de todas as outras, com seus dias
respectivos, se nós não aceitarmos que o único caminho aqui, nessa
escuridão, é saber que amanhã e depois de amanhã, nos veremos aqui
nos encontrando, nos falando de novo e de novo, inutilmente perdendo
tempo precioso, argumentando sobre o que pensamos que não havíamos
dito, porque esquecemos, ou porque não havia ficado nada claro
nos outros encontros, e se podemos ou não, isso ou aquilo,
o blá blá blá sobre tudo que se passa em nossa vida, quando
sabemos que é preciso avalia-la, pois já entendemos no fundo
a verdade, que nunca é mencionada, deixando-a intocável e
que vai se transformando nesse temor gigante, numa montanha
monstruosa, cheia de obstáculos que já nos apavora por tanto
tempo e nos imerge em insegurança materializando nossa
covardia sem riscos em apenas um som sibilante e terrível de
três letras e que resume e resolve toda essa discórdia
sem nexo em uma solução lógica, plena, profunda e
monossilábica que você sabe que é uma, ou a palavra
mágica em si, a que é mais usada por todos que são sábios
ou santos, feiticeiros, bruxos ou quiromantes picaretas, mas
que, agora, grato aos céus pela lucidez consegui a força e a
coragem suficiente para enfrentá-la, sendo que por isso é
que terei que menciona-la finalmente, encerrando para sempre
esse capítulo negro em nossa vida, porque é preciso
terminar logo com o esse sofrimento masoquista desnecessário
necessitamos, por fim, que ela seja dita, e em alto e bom som que
é o que vou fazer agora , mesmo que lhe choque e confunda a
sua cabeça ôca e maluca, apesar de que, para seu espanto ou
felicidade, sinto que terei mesmo de fazê-lo da forma que
eu julgo mais conveniente, o que por mim seria apenas por
mera compaixão, embora você possa achar que é claramente por
outra razão qualquer, tola ou caprichosa, coisa que a mim, realmente
não importa, porque é tarde demais para que eu me demova
com qualquer que seja a sua argumentação barata, e é por isso que eu
peço que você se prepare de corpo e alma, porque vou dize-la
toda nesse exato instante, acendendo a luz nesse cruel breu
consistindo apenas nisso:
um simples e merecido
SIM
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