quinta-feira, 20 de maio de 2010

Solução lógica







o que será da noite que curva pelas ruas

e desaparece na névoa lenta, desespero e madrugada?

o que será da luz?

o que será do fim?

o que será se não há nada adiante?

o que será de ti, a alegria que eu acreditava?

será a verdade um corpo largado sobre a calçada suja

a ver ao longe uma bela morada?

ou do nada refulge o brilho que nos acolhe querido e diz

essa é aqui é a sua casa?

o que será? 

o que será?

e seu te rompesse o silêncio, saltasse ao espaço e buscasse o que

me sopra ao rosto, para te mostrar que nada é certo?

e  se eu partisse para o que ainda não sei, com os pés descalços

para sentiro caminho gelado em que você respirasse seus medos

apenas para lhe dar coragem e segurança, a certeza de que não

cairá em nenhum abismo, que você mesmo cavou por inaptidão?

será que sempre o que nos depara é desamparo?

será que o que nos machuca hoje é o que nos salva amanhã?

será que tudo muda e ruma em voltas, sobre os vãos de nossas

mais absurdas incongruências, dizendo que é apenas o destino?

será que é preciso passar por tudo isso que nos constrange e

complica um jogo que devia ser a coisa mais clara e inequívoca

do mundo em que todos sairíamos ganhando e de barriga cheia

com o que de melhor pode existir por aí e nos fazer felizes e

realizados em nossos mais impossíveis sonhos ?


                                                                                                       foto de Ivan Ielizarov



deixe-me te dizer uma coisa que eu não vou repetir nunca mais

o que será dessa noite, e de todas as outras, com seus dias

respectivos, se nós não aceitarmos que o único caminho aqui, nessa

escuridão, é saber que amanhã e depois de amanhã, nos veremos aqui

nos encontrando, nos falando de novo e de novo, inutilmente perdendo

tempo precioso, argumentando sobre o que pensamos que não havíamos

dito, porque esquecemos, ou porque não havia ficado nada claro

nos outros encontros, e se podemos ou não, isso ou aquilo,

o blá blá blá sobre tudo que se passa em nossa vida, quando

sabemos que é preciso avalia-la, pois já entendemos no fundo

a verdade, que nunca é mencionada, deixando-a intocável e

que vai se transformando nesse temor gigante, numa montanha

monstruosa, cheia de obstáculos que já nos apavora por tanto

tempo e nos imerge em insegurança materializando nossa

covardia sem riscos em apenas um som sibilante e terrível de

três letras e que resume e resolve toda essa discórdia

sem nexo em uma solução lógica, plena, profunda e

monossilábica que você sabe que é uma, ou a palavra

mágica em si, a que é mais usada por todos que são sábios

ou santos, feiticeiros, bruxos ou quiromantes picaretas, mas

que, agora, grato aos céus pela lucidez consegui a força e a

coragem suficiente para enfrentá-la, sendo que por isso é

que terei que menciona-la finalmente, encerrando para sempre

esse capítulo negro em nossa vida, porque é preciso

terminar logo com o esse sofrimento masoquista desnecessário

necessitamos, por fim, que ela seja dita, e em alto e bom som que

é o que vou fazer agora , mesmo que lhe choque e confunda a

sua cabeça ôca e maluca, apesar de que, para seu espanto ou

felicidade, sinto que terei mesmo de fazê-lo da forma que

eu julgo mais conveniente, o que por mim seria apenas por

mera compaixão, embora você possa achar que é claramente por

outra razão qualquer, tola ou caprichosa, coisa que a mim, realmente

não importa, porque é tarde demais para que eu me demova

com qualquer que seja a sua argumentação barata, e é por isso que eu

peço que você se prepare de corpo e alma, porque vou dize-la

toda nesse exato instante, acendendo a luz nesse cruel breu

consistindo apenas nisso:  

                           
                                   um simples e merecido


                                                 SIM






                                      

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