Eu sou o Marcos Vasconcellos. Aqui eu escrevo o que me der na telha, o que me vem na hora de dormir, quando estou num onibus, ou no meio de um papo chato!
segunda-feira, 17 de maio de 2010
O amanhã
meu corpo é o estranho
é lava derretida
é fundida entranha
fluxo em brasa que escorre e me leva ao que não é mais
pois, o que há, se distancia para sempre da emoção
desta parte, em que o inexplicável ganha
foto de Pruszkwoski
o não entender não é possível aqui
o perceber-se se ignora, não interessa a trama
não há mais tempo, o futuro talvez seja hoje só fria fumaça
nada mais é e será para sentir
é a razão de gelo que o momento apanha e abraça
cena de Seven Golden Man Out to Conquer the Space
tudo é capital, impaciência, intolerância de planos
informática, webs, perdas e danos
é o fim da guerra, o já, a glória e a derrota do ser humano
alejado sem mãos, nada faz, só teknica
o que se sente não traz lucros, é por onde a razão se dana, se engana
cena de Metropolis de Fritz Lang
amanhã, o que é sensível será a presa da aranha
como um inútil inseto preso à vertigem da velocidade
à envolvente teia do agora, do imediato, da superfície
desigual e nunca eterna que lhe atrai, por renda imensa
publicidade bem feita e genialmente arquitetada
o chamariz necessário que lhe seduz
a apanha
a chama
à armadilha da besta maquiavélica, que espreita
pronta ao salto fatal, em torpe emboscada
foto da aranha mecânica japonesa
a armadilha está pronta, a arapuca está montada
pode ser delicioso prato de hoje pra uma gula inusitada
o aracnídeo ri e comemora, tem fome e a presa distraída, enroscada
cena de The Mini Man
mas o tempo, sua tola, é rio fervente
que não traz dó, nem piedade
a natureza é uma máquina inclemente que não chora
são as suas chamas, as labaredas
que com prazer e inebriada gula aos dois distraídos e indefesos seres
tanto presa, como predador à que os seus tentáculos arreganha
que ela, por fim, engloba e gulosamente devora
e por fim nada resta
e também o fogo se apaga
e esse é o fim de nossa história
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