pó é, tá
é pó, tá!
tá é pó
pó é pó, tá!
só pó, pó, pó...poeta!
pois, eu não sei o que é ser poeta
se tiver que assim
de mostrar estrelas quase quasar
de ser telescópios pra dentro
dos neurônios
de redemoinhos no tempo
do ser
se tiver que ser uma noite em rotação
uma corda esticada
que vem ainda de mais além
de um carinho rejeitado
ou quase
da consciência de um pecado
ou quase
da iminência da morte
ou quase
das feras que rondam à noite
ou quase
ou quase aquele dia
que me jogaste uma flor
de uma varanda quente de Benghazi
pode ser que seja aquele que por dentro se avessa
e traz à gente
os dois lados de uma dor descontínua
acomodada
ou só dormente
e descabida
cravada
e esquecida
tida
ou só protegida
se tiver que vestir um muro
com seu sangue
bem azul de poeta
espelho de sua meta
ou desvio apaixonado
desta invivência
desta jungle absurda
inquieta e doente
e aí tenha que equilibrar tudo
neste duro azul, tão azul
que prosseguirá adiante
prá cima
sem ter colher
das almas dízimo
ou um sorriso desengraçado
dormente
um mínimo
uma semente
veja bem o que é ser poeta
sei lá, sei não
somos como tudo e todos - pó
viemos do pó e voltamos ao pó
portanto
tome cuidado se precavenha
do destino, da definição
porque se existem estradas azuis e longas
e é você quem as pinta, intui
escreve
para que homens delas esperem
seu broto
sua felicidade
the heaven
aqui ou não
ou que para todos esses homens
que não pedem
para nelas andarem
para elas olharem
nem por capricho, desleixo
ou curiosidade
se por elas batem um pouco de sol
ou mesmo se já é muito tarde
e foi-se ali a felicidade
saibam o porque
e talvez
ser o que é poeta
ou talvez até eu aí perceba melhor isso
ou mesmo o que é ser
um guardachuva
ou um armário
pois, se abrimos um
para nos isolarmos
das diluências
e depois de usado
o guardamos no outro
é apenas para que não vejam
por ele
que não é só em nós
que os olhos tem-se molhado.
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