sexta-feira, 5 de março de 2010

A página apagada





















O que havia escrito aqui já se apagou,

porque seu tempo se foi e já não era a hora,

não merecia o papel que ocupava - não do jeito

que estava- pois frágil fora, frágil desapareceu.

E se reescreveu mais além, agora melhor

executada, aprimorada, bela história,

que aparece nesse instante numa melhor versão.


Triste é o que não se apaga, se precisa de conserto,

 pois, se ruim a construção, seu arcabouço desaba,

deteriora

e tudo se estraga sob esta ação,

todo esforço é jogado fora.

Mas, o que houve aqui, teve sorte e renasceu

na página ao lado.


Quem sabe se os olhos que para ela se transportam

tragam o que se pede à ela: a compreensão do que

se diz e que traga ao enigma o que lhe era fatal,

a palavra-chave que escapou e até agora permanecia

oculta, que dá sentido à todas as letras e ideias,

vírgulas e silêncios que devem ser tão simples e

às claras, pois que era como um pássaro que

estava seguro dentro das mãos que de repente

se abriram, ficando o quente e macio ninho com

o sentido que agora está em mim.


O pássaro sabia, traduzia em seu canto,

 mas voou para sempre.

seu canto, se fez perfeito ali sozinho.

Agora ecoa na floresta, expondo o céu e nos mostra

que o que se foi renasce

e assim nos abre a porta

do mistério apagado.





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