O que havia escrito aqui já se apagou,
porque seu tempo se foi e já não era a hora,
não merecia o papel que ocupava - não do jeito
que estava- pois frágil fora, frágil desapareceu.
E se reescreveu mais além, agora melhor
executada, aprimorada, bela história,
que aparece nesse instante numa melhor versão.
Triste é o que não se apaga, se precisa de conserto,
pois, se ruim a construção, seu arcabouço desaba,
deteriora
e tudo se estraga sob esta ação,
todo esforço é jogado fora.
Mas, o que houve aqui, teve sorte e renasceu
na página ao lado.
Quem sabe se os olhos que para ela se transportam
tragam o que se pede à ela: a compreensão do que
se diz e que traga ao enigma o que lhe era fatal,
a palavra-chave que escapou e até agora permanecia
oculta, que dá sentido à todas as letras e ideias,
vírgulas e silêncios que devem ser tão simples e
às claras, pois que era como um pássaro que
estava seguro dentro das mãos que de repente
se abriram, ficando o quente e macio ninho com
o sentido que agora está em mim.
O pássaro sabia, traduzia em seu canto,
mas voou para sempre.
seu canto, se fez perfeito ali sozinho.
Agora ecoa na floresta, expondo o céu e nos mostra
que o que se foi renasce
e assim nos abre a porta
do mistério apagado.
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