sexta-feira, 5 de março de 2010


Difícil de me levar além do que entendo desse mundo. Os acontecimentos são o que fazem girar a Terra. Terra-berço, Terra-ser, Terra com justiça do será, Terra-sendo, e Terra: eu não entendo nada de você! E se eu não me conforto nessa estrada, nesse esférico caminho? O que me passa na retina, na cabeça-estrondo, nem dá pra pensar enquanto arrasto os pés nas calçadas. Chuto pedras, arranco folhas, olho para cima ou que quer que esteja ali, lá. Meu sentimento é de se chocar contra um muro invisível, uma parede que eu não compreendo. Pra quê isso tudo? Me dói o corpo, machuca o dentro e fico como estupor. Acredito que todos já pensaram nisso em algum momento, esse cliché, esse óbvio-ululante, como Nelson diria. O que me surpreende nisso tudo é pra quê entender? Deixe que apenas seja! Esta lama, esse lodo, essa floresta, rios, segredos, galhos na lama. Não há quem entenda-o completamente, ou apenas seu algo inescrutavel e objetivo. Deixe o ser assim ininteligivel, infindo. Pra quê saber tudo? É possível? De que adiantará? As ondas pararão de se quebrar na praia? As folhas permanecerão para sempre nas árvores? O homem cuidará dos outros homens como de si? Se amarão? Não, não e não! Nada muda, tudo continua louco, incompreensivel. Melhor seria pegar uma cadeira de lona, a barraca, balde, toalha e se sentar na praia. Acho que lá pelo menos os problemas de familia acabavam. Mas, isso que não melhora nada! É de mim não se desfazer do que penso. É de mim querer utopias positivas, que as folhas continuem em seus galhos, que as ondas sejam tranquilas em seu fim, que os homens se entendam, se curem, se queiram, que se encontre uma solução pacífica. Não desisto! Tudo aqui consiste em trabalho! Tudo aqui se consegue com árduo trabalho, sem perda de tempo.
A noite extrema veio, ainda devaneio e planejo. Até que entendo que preciso do pensar claro, descansado, que tudo isso hoje ficará para amanhã. Amanhã! Até lá sonharei em minha própria cama, enquanto permito a escuridão e os pensamentos percorram os desertos intermináveis em caravanas sonâmbulas, até que surja o oásis enfim, e ali, satisfeito, em gozo, se descanse o espírito; e um dia a mais virá, um dia querido, e talvez... quem sabe?

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