Magritte
o lúcido pássaro da manhã
agora pousou
num galho que não existia
pois era da árvore dos segredos
que plantei enquanto dormia
voa pássaro voa
vai trazer seus alvores
mas não a melancolia
você também não existe
porque a manhã
é ninho da cotovia
doce é o proibido da vida
e era de bom gosto
não se fazer o que se podia
o sonho faz tudo possível
mas a clareza apaga
o que não se permitia
então, nada era tão doce
só enquanto não aparecias
surpresa é o tom frequente da revoada
e também de tudo que acontecia
voa pássaro voa
pra longe do meu sono
e retarda o dia
voa pássaro voa
não seja amargo
como a cotovia
só quero saber se a noite
me consola em saber
que eu não posso ter amanhã
se amanhã não for de alegria
voa passáro voa
serei feliz
enquanto não vem o dia
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