quinta-feira, 11 de março de 2010

Além de Sófocles


Que me importa toda tragédia grega? Não quero extremos, procuro o banal. Há mais méritos em transcender o comum ou fechar as mãos aos céus e suplicar? Ou mesmo andar levando o peso do mundo às costas - insanidade? Ou ainda medir com passos o rio que se forma de nossas angústias e temor? Prefiro os caminhos simples. Em torno dele, desenho com os olhos uma solução minha e faço que por mim, seguindo essas linhas, como um fio de Ariadne, que tudo se desfaça, e o caminho surja livre, claro, salvador. A intensidade do que penso me revela os umbrais do se que faz o possível. Invento, crio. Minha humanidade treme, se espanta, se eleva por degraus aéreos. Aparto o que há por dentro em mim, para que se levante de mim o inverso de mim, a clareza, até chegar a atônita Fonte do Eu Perfeito, onde saciar minha ansiedade. Mas, eis que em sua margem me encontro em espectro. É tarde, admiro-me, narciso-me. Meu corpo agora é pedra. Minha faina factora a flor ad aeternum - mirabilis est.

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