quinta-feira, 11 de março de 2010



Se eu tivesse ainda a ti
e esse oceano não nos separasse
e as ondas não me levassem pra longe
do que de ti me restasse
e ali achasse o que me completa
mas, aonde?

Como sair desse impasse?
e se eu tivesse ainda todo o tempo
que eu a brincar não sabia que tinha
se ainda fosse ligeiro
se eu corresse, jogasse queimado
se toda esta vida
fosse um só dia inteiro
um mínimo que passou
uma fração que voasse
mesmo que fosse fingindo?

estaria eu a ver esse rio vazio
estaria eu nesse barco sem destino
Ah, se eu tivesse ainda a mirar a distancia
e se cercasse meu silêncio
com teu rosto sorrindo

não seria uma maneira de reaver os meus anos
não seria pegar um bonde partindo?
iria até a estação onde te veria saltar
para encontrar nossos olhares remotos
e aquela algazarra
que em nós vivíamos ouvindo?

mas, a rua é deserta
e quem não passa
não sabe das horas se indo
Eu me sento num banco num dia quente
e percebo o movimento, as lojas se abrindo
mais uma manhã que chega
mais um dia a sentir fugindo.

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