foto de Henri Cartier-Bresson NY1947
um lugar esquecido de Deus
esse estranho lugar
entre o será e o ido
que me veste
de um mundo perdido
ou me despe de tudo
que se perdeu
ali
onde tantos dias se seguiram
e não revelaram ainda
o que será cumprido
como um segredo das tumbas
todo esquecido
um Vale dos Reis
onde só os tempos existiram
e aonde ainda vive fremente
o que sou eu ou o que faço em mim
e que necessariamente
se escondeu
esse vazio cheio
de espanto
esse retiro
esse convento
esse circo
prisão
ou paraíso
não há jeito
não há riso
talvez apenas
só um aviso
ou grito
ou acalanto
e mais uma vez
minha mão tremeu
talvez
um som poluído
com tudo isso
que acontece
mas caminho e espero
no vento do inimaginável
que de fato em minha alma
se rompeu
esse vão desconhecido
que me persegue
não esmorece seu compromisso
em nenhum canto
mesmo num lugar longínquo
do hipogeu
o carrego cada segundo
enchendo
do meu vivido
esse espaço que à mim
corresponde
projeto do que não sei como existe
ou de como se deu
ainda bem que não sou nenhum santo
nem nada parecido
apenas um ser procurando saída
espanto
atrás de espanto
ao seguir seus dias
com sua presença
atrás do fio para a saída
que é cada linha, a suma verdade
que sempre sonhante de si escapa
como um destino que trama
Eu sou o Marcos Vasconcellos. Aqui eu escrevo o que me der na telha, o que me vem na hora de dormir, quando estou num onibus, ou no meio de um papo chato!
sábado, 11 de agosto de 2012
Delirio
foto de Andre Kertesz
Como ser tamanha quimera
se nem sei como que fui o que fui
se afasta de mim ser aqui na vera
o que foi de mim que não flui
E assim parte a ser tal assombro
da divisão dos caminhos seguidos
não resta de mim só escombros
não deixa tantos anseios assim perdidos
porque não anseia o que não se vela
pois este é o sinal de todo o desejo
senão como querer o que não se observa
e se não o vejo, como então o cortejo
Assim delineia-se uma conclusão
pode ser que eu não seja o que imaginei
talvez melhor ou pior conforme a ocasião
mas ainda resta o porvir do que eu não sei
e este eu o quero que venha,
Como ser tamanha quimera
se nem sei como que fui o que fui
se afasta de mim ser aqui na vera
o que foi de mim que não flui
E assim parte a ser tal assombro
da divisão dos caminhos seguidos
não resta de mim só escombros
não deixa tantos anseios assim perdidos
porque não anseia o que não se vela
pois este é o sinal de todo o desejo
senão como querer o que não se observa
e se não o vejo, como então o cortejo
Assim delineia-se uma conclusão
pode ser que eu não seja o que imaginei
talvez melhor ou pior conforme a ocasião
mas ainda resta o porvir do que eu não sei
e este eu o quero que venha,
de nada eu sabendo,
para que seja
para que seja
o que reaja com autenticidade
e assim se aflorará
e assim se aflorará
o que há de mim de verdade
se for o que sonho,
se for o que sonho,
assim não mais sonharei
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