Eu sou o Marcos Vasconcellos. Aqui eu escrevo o que me der na telha, o que me vem na hora de dormir, quando estou num onibus, ou no meio de um papo chato!
sexta-feira, 20 de maio de 2011
o horizonte existe
não duvide
dentro do que a gente vê e não alcança
por detrás dos olhos
dentro deles
o horizonte mora quieto
é belo
e parece inalcançável
é como o silêncio de uma festa
até que explode como um foguete de artifícios
ou um beijo do inesperado
é como um pardal que voa e voa
e procura entender do que é feito o azul
e escapa de tudo que não é azul
ou que não é ainda azul
hoje
o horizonte de mim surgiu à minha vista
vasto e veloz
unificador
uma nuvem ou linha mágica
me traçando um fim
um limite infinito a derivar
sem nenhum plano para navegação até ele
mostrou apenas uma rota para o mistério
arriscando a longínqua hipotenusa
querendo imposição de uma descoberta
além do que parco imagino
antes guiava
doidas barcas apocalípticas
negava qualquer meta perdida
como hoje, meu querer, meu afeto
o impossível, o invisível
ou o corpo do outro a se entregar
por isso
desbravei também oceanos em fúria
até a terra descoberta
aventura
o país da selva oculta em cada um
e à cidade perdida
que alcancei em segredo
e me descobri
desenterrando um deus que não era de pedra
mas vivo
mas antes
coletei esperanças
fui destemido
e me lancei
contudo, a sorte então
me surgiu em surto
me arrancou
me jogou
me bateu como a borrasca maltrata
e lança naus sobre os recifes
foto de Frank Hallam Day
porém
me agarrei à coragem como salvavidas
sobrevivi ao naufrágio
e venci
fui até a praia respirando
como a vida que há lá
ao longe
no horizonte perdido
aquele que lhe fixa os olhos
doce afago
trêmula aflição
e me misturei
me integrei
me afoguei
em desejos refeitos
mar de carne antes do repouso
terminara enfim todo confronto
como quando imaginei que ainda não chegaria à terra
sem horizontes
porém, graças
entendi que não
a gente sempre se engana
mas, naquele momento
ao contrário
já estava em meu ponto de encontro
a descoberta daquele paraíso que é só meu
que está ali
ou aqui
peito aberto
até onde o que se realizará
acena feliz por sua presença
sem frestas
sem medo
e à frente apenas estamos nós
unindo-se ao secreto derradeiro
o objetivo de uma vida
em ajuste
deixando impérios desconhecidos
a conquistar suas lutas ou destemperos
o horizonte de mim
essa união a ti
não passiva
pois agimos, arrojamos e conseguimos
pois, toda vitória
casa com o horizonte
tange nossos fluxos
e ali se une
te abraço
sinjo fundo o que posso
e pleno da tua aliança
e o continente agreste emerge
por trás dos corais e recifes
salvação
nossa nau de união foi nosso olhar
nosso porto, teu leito
nossa ilha, todo fogo
é o dessonho sonhado
porque é real
e até a íngreme montanha escalamos
e o longe agora perto uniu-se
num íntimo cume
o horizonte é onde para sempre estaremos
o horizonte em nós
o horizonte que são seus olhos
meu pardal
meu vôo
e juntos entendemos de que cor é feito o azul
e porque o azul será sempre
o azul
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