segunda-feira, 15 de março de 2010


Tão tolo
como querer equiparar à qualquer coisa
à bolha de cuspe ou de cristal
estrume ou âmbar precioso
tudo que surge em horas do impreciso, ou angústia
deve se igualar
tanto para um Napoleão quanto para seu cabo

Cheire a anjo ou estivador
coma em porcelana ou com as mãos
o espetáculo é para todos
quer você queira ou não

se ninguém merece
as horas de espera pelo que se teme
ou se quer muito,
mesmo quando a terra treme
ou a nau lhe enjoa e o avião mal voa
já deu trabalho, mesmo fim,
pelo que parece nos tratados
à muita gente boa

Cada um sabe da colher
que lhe serve de almoço,
da posição de dormir,
ou quanto se espera um doutor chegar
para colocar o dedo na ferida

Eu prefiro ficar aqui
enchendo essa brancura
que também é momentânea
com esse caminho de letras
que nunca vai chegar à lugar nenhum
Quem sabe até lá
tudo isso passa?

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