Eu sou o Marcos Vasconcellos. Aqui eu escrevo o que me der na telha, o que me vem na hora de dormir, quando estou num onibus, ou no meio de um papo chato!
segunda-feira, 21 de março de 2011
Como todo mundo
vai pro teu lugar, menino
que o mundo é logo ali
está aqui, esta lá
ou mais além
à sua espera
mas acha teu lugar, garoto, vai!
agora, anda!
a luz me cega
tudo me aperta
me expulsa
e sigo
vou para à luz!
figuras surgem
batem à porta, rompem a soleira
balbúrdia, festa, bebidas e delírios
e depois passa, todos se vão
e você fica
você mentiu
para si mesmo
você não foi você
mas outro alguém
e esse é o prêmio
todos se vão e você aí
só
continuo a preencher a imaginação
desaparecem presságios, pensamentos
um milhão de movimentos elétricos, tantos impulsos nervosos
todos me empurram para quem realmente sou
menos a visão
que ainda não é clara
não quero ver o que sempre foi claro como o céu
a se tornar infinito e diferente acima das árvores, pura verdade
lá, a lagoa formiga de reflexos
e os fachos de luzes
fenestram minha sensibidade de olhar
tantas paisagens vazias
a cair em cada célula da massa de células cinzentas
memorizo tudo, cada graveto abandonado e cada seixo
memorizo olhares e trovões
estou vivo!
e apenas miro e sinto meu corpo a pulsar
a porta se abre
é a semana que vem
a vida, o acontecer enfim!
ou a fuga
me lembro de um dia
quando ainda era domingo
mas um domingo como um dia comum
pois, terça não era
e quarta também não
não sei porque acho isso
talvez, porque seja hoje domingo também
fogem-me as razões
na época pensava em como deixar de ser assim
como deixar de sentir
aquilo que não se pode alcançar
como aquela fruta lá em cima da árvore de minhas lembranças
era sensato renunciar a não ser eu
já que era chegar ao impossível
fugia de mim mesmo
afugentava-me, não queria pensar no óbvio
apenas ser eu mesmo, nada além disso
só pensar como eu pensava de verdade
sentir o que eu sentia realmente
dormir como eu tinha de dormir
comer como eu queria
falar o que eu queria falar
entender o mundo como eu entendia, tão simples
mas que me fazia entrar em pânico
querer fugir pelas ruas até não ter de olhar para mim mesmo
em algum reflexo a me cumprimentar dizendo
ei, você aí! olhe para mim, eu sou legal, como todo mundo
eu tenho defeitos como todo mundo tem
mas também tenho coisas maravilhosas aqui comigo
venha e me descubra, me conheça e me aceite
porque eu sou você
e não todo mundo!
mas naquela época, tinha tanto medo de mim mesmo
de sofrer
de errar
ou de acertar
e ter que abaixar a cabeça para mim mesmo
que espanto era o meu corpo
até um dia
quando naquele domingo caí em mim
lembro ainda de tudo de antes
o segredo então já não era mais mistério
que se materializou em milagre de ser como a verdade
inegável
e quem me fez a ver
foi
você
se o meu sangue corresse pelo céu
eu te chamaria para olhar
como as minhas hemácias são rosas
no meu jardim-corpo-firmamento
e diria que são anjos rubros
que eu havia chamado para tratar e curar minha dor
ou alimentar meu amor em ser
o proibido
e por isso ver você como meu amor além do possível
se tornando ali possível
veja minhas células vermelhas voando como aqueles carros
como correm em busca de ar
das nuvens
do oxigênio
dos meus olhos à chover inocentes gôtas marginais
eles vem te buscar, te sequestrar
roubar sua imagem para dentro de mim
o amor nunca será proibido
ele não me deixa mentir para mim
que a única saída para vida é ser quem você é
cada um tem de ser como é
quem é
e ser apenas
a verdade
para dizer
vem comigo!
vem assim desnudado
sujar o nácar dos corais
sou oceano sem fundo
verto-me, lembro
sou afinal fluido
sou ar
seu sôpro
seu respirar
mas onde está você?
o mundo é muito grande!
toma teu lugar, menino
já me disseram isso antes
e nunca me corrigi
e por isso
ainda sei que sou menino
bem no fundo
mas aquele menino que aponta as árvores
que estão mais perto do céu
lá, naquele lugar onde eu sempre
achei que estariam as melhores frutas, lembro
aquelas que eu queria te dar
e agora eu já estou aqui perto do céu, sou, sei
estou certo que vim aqui para isso!
pronto!
subi até lá
roubei uma
toma!
mas onde está você?
e o sol acendeu o azul
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Lindo! E não direi mais...
ResponderExcluirMuito obrigado Murilo! Você dizendo só isso já dá a intensidade suficiente e exata para demonstrar o tom único e intenso do seu gostar. E posso lhe dizer : - Lindo! É uma honra, Murilo!
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