segunda-feira, 8 de março de 2010


Tento não ter medo
tento ser melhor.
tento ser o que desejo
ver os outros, sê-los
senti-los
percorro o mundo
eis o circo das tentações

ali, a velha portuguesa caminha, lengalenga
a calçada lhe mostra o esquecer
depois também a esquece
a saia cansada, passos de criança
desaprende a ser, venta no futuro
é sua alma a fugir
deixa o que foi, simples não-ser
não tenta, o mais lhe escapa
e os passos de miúdo,
o tempo a parar, vai ,vai...


o dono da mercearia confere o relógio
ajeita as frutas, confere tomates
quem lhe comprará as mercadorias?
tentará e sorri
o que sai barato?

o adolescente caminha distraído
pensará só nos esconderijos
ou tenta atrair com seu guerreiro
lutas virtuais, vitórias da ilusão
ou percebe o não visto
sob as roupas, insaciável
olha qualquer volume, se excita

o cérebro não para
mas todos param
o sinal fechou
o sinal verde se abre
a batalha continua
o mundo vence

Já eu tento,tento,tento
nenhum tempo é o meu
nenhuma vitrine me distrai, levito
meus dedos estão cravados
com os ponteiros do relógio
dedo mindinho, seu vizinho
cadê o toucinho que estava aqui?
o tempo comeu
tempo guloso!

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