domingo, 21 de março de 2010

Sempre sim

No momento, eu sinto que não vou escrever mais

O que fazer que seja nôvo?

O que trará a surpresa?

O que olhar pela janela?

O que prende à mim ao que vem?

O que vem, o que foi, o que é ?

O que sempre?

Não há como despertar?

Quem não sonha?

Mas, e amanhã como vai chegar?

E se os pássaros não cantarem mais?

E se a vizinha não fizer barulho?

E se o porteiro não trouxer as cartas?

E se não houver leite na padaria?

Quem vai limpar a casa?

E telefonar para minha mãe?

E ver um filme na poltrona comendo biscoitos?

E beijar de nôvo quem anseia por seu toque?

E tomar banho deixando a água cair morna limpando todos

os pensamentos impuros?

E matar a fome que incendeia as entranhas, enquanto sabe de

um amigo que o trabalho vai ser muito mais lucrativo?

E como não escrever, escrever, escrever

Talvez dizendo sim

O sim trará o nôvo

O sim fará surpresas?

Sim, contemplarei a janela

Sim, abrirei a porta quando você chegar e lhe direi  o quanto

você me faz falta e que nem lendo tudo que já li de novo vai

fazer a casa quente e viva de novo

Sim, o que vem, o que foi, o que é será  para sempre sim

e os quartos poderão respirar seus móveis quietos

Sim, sempre

O sim que nos transforma

O sim que nos empurra pra frente

Sim desperta e sonha!

Escreverei sempre SIM!

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