No momento, eu sinto que não vou escrever mais
O que fazer que seja nôvo?
O que trará a surpresa?
O que olhar pela janela?
O que prende à mim ao que vem?
O que vem, o que foi, o que é ?
O que sempre?
Não há como despertar?
Quem não sonha?
Mas, e amanhã como vai chegar?
E se os pássaros não cantarem mais?
E se a vizinha não fizer barulho?
E se o porteiro não trouxer as cartas?
E se não houver leite na padaria?
Quem vai limpar a casa?
E telefonar para minha mãe?
E ver um filme na poltrona comendo biscoitos?
E beijar de nôvo quem anseia por seu toque?
E tomar banho deixando a água cair morna limpando todos
os pensamentos impuros?
E matar a fome que incendeia as entranhas, enquanto sabe de
um amigo que o trabalho vai ser muito mais lucrativo?
E como não escrever, escrever, escrever
Talvez dizendo sim
O sim trará o nôvo
O sim fará surpresas?
Sim, contemplarei a janela
Sim, abrirei a porta quando você chegar e lhe direi o quanto
você me faz falta e que nem lendo tudo que já li de novo vai
fazer a casa quente e viva de novo
Sim, o que vem, o que foi, o que é será para sempre sim
e os quartos poderão respirar seus móveis quietos
Sim, sempre
O sim que nos transforma
O sim que nos empurra pra frente
Sim desperta e sonha!
Escreverei sempre SIM!
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