sábado, 6 de março de 2010


Respirar
o sopro deste mundo
que ao contente surgir
ao fluir
do rompido ventre
o fundo
inunda a existência
com um berro
ao acordar

E tragar
o vento estranho
desse louco ambiente
que de tudo
faz sufoco
me faz rir
me faz doente
de alegre me faz pouco
de sofrer me faz persistente
que um dia vai acabar

Se me perguntam
e isso pra que é?
pra que serve a ladainha?
eu não respondo
essa pergunta é minha
tiro um anel do bolso
balanço os ombros
e digo
é da alegria
ou é da dor
é de quem a vida se casar!

E se insistem
mas, me diga
Pra que serve? Pra que serve?
esse balão que não flutua
não é anjo
não é bicho
nem é carro de corrida
não é boi
nem cacatua
que só me serve
pra grilar

E de lá
só se ouve um eco
pra que serve? pra que serve?
e eu não sei
e se soubesse
não era gente
nem estrela
nem cometa
nem abelha
era só um grito infinito
de um bebê

ao acordar

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