terça-feira, 16 de março de 2010

O desejo


Às vezes,
sou um poço
ou, às vezes
sou alguém no fundo deste poço
ou mesmo a água,
a fonte que alimenta o poço
às vezes, o eco que reverbera
nas paredes circulares dele
solitárias rochas.

De lá, do horizonte
virá a caravana
que irá me tirar daqui
e beber-me

mas a minha voz ressoa ainda
pelas paredes de pedra
Levem-me ao Egito, grito
alimentar-me das pirâmides
de mel, crocodilos e versos

Regurgitarei rios sobre a areia
desenhando a forma do sol sobre o Nilo

Entretanto, ninguém entende a língua dos poços
Quem atenderá um eco?
O que ainda terei de ser?
Tudo posso ser !
Aí vem o desfile da rainha!
Posso ser o tapete vermelho
ou a coroa de diamantes
nas eternas cabeças dessa realeza de cores
Posso ser como essas cabeças vermelhas, douradas ou azuis
cabeças de faraó ou de rei
rolando pelo tapete da eternidade
se fazendo de deuses
curvando a história a lhes beijar os pés.

Tudo eu posso ser, vê?
basta que me dê as suas mãos
Onde estão suas mãos?

Nenhum comentário:

Postar um comentário