domingo, 25 de abril de 2010

Azul,azul,azul




Pobre escada azul

me ergueste até o céu

e me guardaste

em tua névoa de astros

e numa escura noite

a tua ausência

me deixaste

como presença errônea


Triste porta azul

já que

nunca

esperava

que ali

contida a se debater

tanta delicadeza

frágil ira

e uma infância em abandono

densa penumbra

trancava a certa ida



                                                                                                       foto de Parke Harrison


Enganosa sombra azul

pensei que iluminavas

o desregro do meu andar

negro minuto

infinito

meu corpo

palavras

imagem a desenhar


Impossível amor azul

dormiste inconstante e dali

talvez não acordes mais

para mim o céu

em que eu um dia vi

belo e eterno

cérebro e celeste

em seu piscar

um anjo

ou mosca azul

sobre um cais



a minha existência é finda

é mudo desastre

não mais acordar

ah dor

como sofro!

inútil 

o

te amo demais


porque além do azul

encontrastes novos tons

novo matiz

nova cor

e deixastes de flutuar

não transcendes

e não tinges mais o céu

ou o mar



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